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A importância da ciência fundamental


Data:  09-10-2009     Fonte:  Ciência Hoje



  Por Duarte Barral

O prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina foi atribuído na passada segunda-feira pela descoberta de como os cromossomas são protegidos pelos telómeros e da enzima que os sintetiza - a telomerase.

Em linguagem corrente podem comparar-se os telómeros às capas nas pontas dos atacadores que impedem estes de se desfiar, para citar uma imagem particularmente feliz do jornal Público.

Este é um exemplo de como uma descoberta fundamental pode muito mais tarde, sem que se tivesse previsto inicialmente, vir a ter aplicação na saúde e trazer possibilidades novas de cura.

Esta descoberta começa por volta de 1980 num organismo muito distante do Homem, a Tetrahymena spp., que é um protozoário ciliado. Do DNA deste organismo isolou-se a sequência que se repete para formar os telómeros, que constituem as extremidades dos cromossomas. Verificou-se então que essa sequência também protegia os cromossomas de uma espécie muito distante, uma levedura. Isto significava que os telómeros deveriam ter uma função muito importante e por isso conservada durante a evolução, pois em espécies com grande divergência a nível do DNA, estas sequências eram permutáveis.

Só mais tarde se percebeu o verdadeiro alcance desta descoberta pois constatou-se que estas protecções dos cromossomas encurtam com o envelhecimento da célula e que a telomerase, que sintetiza os telómeros, pode retardar o processo de envelhecimento celular. Também se descobriu que células cancerígenas possuiem muitas vezes uma maior actividade da telomerase, permitindo-lhes dividir-se a um ritmo acelerado e de forma praticamente infinita. Hoje estão já em ensaios clínicos vacinas que são dirigidas a células com elevada actividade da telomerase com o objectivo de combater o cancro.

Esta descoberta mostra ainda a importância de se apostar na investigação fundamental, aquela que não está ligada directamente ao estudo de nenhuma doença ou que é feita em organismos evolutivamente muito distantes do Homem. Isto porque um dia essa investigação pode levar a curas para doenças como o cancro ou mesmo levar ao retardamento do envelhecimento celular.

Também fica bem patente que a ciência assenta em esforços continuados ao longo de décadas e que a escala de tempo por que se regem os projectos científicos é muito particular. Finalmente também nos mostra que entre uma descoberta fundamental e a tradução desta em curas que possam ser usadas pela sociedade podem passar 20, 30 ou mais anos.

Por isso a ciência fundamental deve ser apoiada e ter um financiamento sustentado, que não se reja pelas leis de mercado ou por agendas políticas, e sim pelo seu carácter inovador e de potencial para o avanço do conhecimento. Só assim poderemos daqui a 30 anos assistir à atribuição de um prémio Nobel para uma descoberta que estará hoje a ser feita num laboratório sem que seja ainda previsível que irá trazer um dia grande impacto para a melhoria da saúde e bem-estar da humanidade.


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