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Alzheimer descrita como diabetes do cérebro
Data: 04-02-2009
Fonte: DN
A relação entre os níveis de açúcar no sangue e a demência dos idosos ou a sua capacidade cognitiva foram objecto de dois estudos separados que esclarecem alguns dos segredos do envelhecimento do cérebro. Um terceiro estudo revelou a relação entre um gene e a longevidade.
Insulina pode proteger contra o declínio mental
Três estudos divulgados no mesmo dia permitem compreender melhor o envelhecimento e abrem portas para prevenir alguns dos seus piores efeitos. Dois desses estudos ligam o Alzheimer à diabetes, enquanto um terceiro sugere que uma mutação genética está ligada à longevidade.
Um trabalho publicado pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences aprofunda a já conhecida relação entre o nível da hormona insulina e a degradação do cérebro de doentes de Alzheimer, doença actualmente sem cura que afecta pessoas idosas.
Cientistas americanos e brasileiros estudaram neurónios ligados à memória, tratando-os com medicamentos usados no ataque à diabetes. Os investigadores perceberam que essas células ficavam menos susceptíveis aos efeitos de proteínas (ADDL) que se acumulam nos cérebros dos doentes de Alzheimer. Ou seja, os medicamentos usados para tratar a diabetes podem ter um novo papel no futuro. Segundo Sérgio Ferreira, da Universidade do Rio de Janeiro, citado pela BBC, "reconhecer que a doença de Alzheimer é uma espécie de diabetes do cérebro aponta-nos o caminho para novas descobertas e tratamentos".
A relação entre a função cerebral e o nível de açúcar no sangue foi objecto de um segundo estudo ontem divulgado pela revista médica Diabetes Care. Pessoas com diabetes correm um risco de demência na velhice 50% superior à de pessoas com o nível de açúcar estabilizado.
O estudo avaliou três mil pacientes, todos idosos, medindo os níveis de glucose e a capacidade cognitiva, concluindo que o açúcar é um dos factores que podem influenciar a capacidade cognitiva em idades mais avançadas. O estudo, no entanto, não conseguiu provar que a redução do açúcar melhore essas capacidades de alguma forma.
Entretanto, em Berlim, uma equipa de investigadores alemães con- firmou que uma mutação do gene FOXO3A está relacionada com a longevidade de pessoas centenárias.
A equipa da Universidade de Kiel comparou o ADN de 388 alemães de mais de cem anos com o de pessoas mais novas, descobrindo o papel da mutação. A constatação tinha já sido feita por um estudo que analisou centenários franceses e por outro trabalho sobre americanos de origem japonesa e com mais de 95 anos. Segundo os responsáveis pelo estudo alemão, os resultados mostram que em populações diferentes e no mundo inteiro a mutação neste gene tem provavelmente um papel que permite aos seus portadores atingir idade elevada.